Com apoio da comunidade acadêmica da UFPel, mais de 150 pessoas participam de atividades lúdicas, recreativas e culturais diariamente
Por Micael Carvalho 15-05-2024 | 20:01:26
O ginásio poliesportivo da Escola Superior de Educação Física (Esef/UFPel) se tornou o local de acolhimento, aproximadamente, de 56 famílias em decorrência da crise climática que atinge o Rio Grande do Sul. A partir do trabalho das equipes do Município, da comunidade acadêmica da UFPel e da grande rede de voluntários, o abrigo tem se transformado em espaço de recreação, aprendizado, integração e cuidado. Durante esta quarta-feira (15), a prefeita Paula Mascarenhas acompanhou o trabalho das equipes.
Com a necessidade de evacuação das áreas de risco, cerca de 150 pessoas chegaram ao abrigo e foram acolhidas pelas equipes da Secretaria de Assistência Social (SAS). Logo nos primeiros dias, a grande rede de voluntários e membros da comunidade acadêmica se uniu para tornar o período no abrigo mais aconchegante e acolhedor.
“Esse abrigo na Esef tem sido muito elogiado, e com razão, pelo excelente trabalho realizado aqui, tanto na organização quanto no cuidado e no afeto com as pessoas. A gente só tem a agradecer a essa grande equipe de servidores, professores, alunos e voluntários, que tem tornado extremamente positiva a experiência das pessoas que aqui estão abrigadas. Essa parceria entre a Esef e a Secretaria de Assistência Social tem dado muito certo. Vamos trabalhar para fortalecer e dar continuidade a esse trabalho integrado”, afirmou a prefeita.
Apesar da ansiedade em querer voltar para casa, dona Margareth, 56 anos, destacou a qualidade do serviço de acolhimento.
“A gente só tem a agradecer, todos os dias, pela preocupação que essa equipe tem. Estamos vivendo essa função complicada, sentindo falta de casa e tudo mais, mas o nosso coração segue quentinho, vivo e batendo forte. Móveis, comidas e roupas vamos atrás e se constrói de novo, mas a vida não”, destacou a moradora da Estrada do Engenho.
A fim de tornar os dias no abrigo mais divertidos, especialmente para as crianças, uma brinquedoteca foi estruturada, com brinquedos doados pela comunidade pelotense. A partir da utilização da infraestrutura da Universidade, aos poucos, as salas de aula se transformam em espaços para oficinas de música e de teatro.
Por meio do trabalho integrado, que reúne diversas frentes de atuação no abrigo, uma programação precisou ser elaborada para conciliar a grande oferta de oficinas. A assistente social e coordenadora do Cras Areal, Thais Coitinho, responsável pela organização do abrigo, explica que a estrutura e o envolvimento dos alunos da UFPel têm sido essenciais para a continuidade das atividades no local.
“Com a estrutura que a Esef disponibilizou para a gente, são várias atividades lúdicas que têm sido desenvolvidas, diariamente, com diferentes faixas etárias. Nós tivemos, inclusive, que montar uma escala para uma atividade não se sobrepor à outra. A gente acaba sendo até privilegiado por estar dentro da Universidade e contar com o apoio de tantos cursos. Temos conseguido proporcionar aulas de judô, de muay thai, rodas de conversa, oficinas de música, práticas integrativas, enfim, são muitas atividades”, afirmou Thais.
O coordenador do curso de licenciatura da Esef, Ricardo Rezer, falou sobre a importância da parceria com o Município e da possibilidade de continuar construindo, coletivamente, iniciativas em prol da comunidade.
“Acho que essa experiência não pode passar em vão. Adversidades como essa que estamos vivendo acabam sendo pedagógicas e nos ensinam muito. A aproximação da Esef com a Assistência Social não precisa acabar aqui. Não vamos perder essa força de trabalho. As relações que estão se estabelecendo são muito potentes”, afirmou o professor.
A partir da experiência exitosa, resultado do trabalho coletivo entre o Município, a UFPel e o voluntariado, novas estratégias de colaboração devem ser estudadas, a longo prazo, para a promoção e criação de políticas públicas.
Além das atividades lúdicas, esportivas e culturais, a estrutura do abrigo conta, ainda, com o engajamento dos acadêmicos dos cursos da área da Saúde, como Nutrição, Enfermagem, Medicina e Terapia Ocupacional. Os estudantes somam-se às equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que, diariamente, realizam atendimento aos abrigados com equipes permanentes em turnos de 12 horas, das 8 às 20h.
O Município conta, atualmente, com 614 pessoas acolhidas em sete abrigos públicos em funcionamento, são eles: