Por Divulgação 29-11-2001 | 00:00:00
<     O azulejista, atualmente desempregado, Vanderlei da Rosa, de 29 anos, e a manicure Luciana Pereira, de 30, são um dos 80 casais que vão participar do casamento coletivo, neste sábado, às 14 h, na Prefeitura de Pelotas. Vivendo juntos há 13 anos, os planos de casamento foram reforçados há seis anos, quando nasceu o filho, Pedro Luíz.     Dificuldades financeiras que incluem as despesas com cartório foram adiando o matrimônio até este ano, quando integrantes do programa Ronda da Cidadania, desenvolvido pela Corregedoria Geral do Estado em parceria com a Prefeitura, chegaram ao bairro Navegantes 2, onde reside o casal. Entre as propostas do programa, está a oficialização de uniões, trabalho que conta com a parceria de cartórios para eliminar gastos. “A gente ia casar quando pudesse pagar as despesas de cartório e nunca imaginamos que o casamento seria assim, numa cerimônia grande e importante”, revela Luciana.     Antes de se falarem, os dois moravam no bairro Navegantes. Vanderlei queria se aproximar dela, mas Luciana era noiva de outro. “Eu ficava na minha, só olhando pra ela”, confessa Vanderlei. A ocasião veio quando ele foi a um baile no Círculo Operário e lá estava Luciana, sem o noivo. Um convite à dança marcou o fim do noivado dela e o início deste relacionamento, há 13 anos estável.     Eles contam que o filho de seis anos “está muito entusiasmado com o casamento” e faz planos para comparecer à cerimônia e “festejar”.     Os casais serão oficialmente unidos neste sábado, dia 1º de dezembro, às 14h, no hall da Prefeitura Municipal, em ato promovido pela Corregedoria Geral do Estado, como parte do programa Ronda da Cidadania que, em Pelotas, tem o apoio do Gabinete da Primeira Dama e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Cidadania e Assistência Social (SMDHCAS).     A cerimônia será realizada durante culto ecumênico. As escadarias da Prefeitura,por onde descerão as noivas, serão especialmente decoradas para a ocasião. Quatro cartórios de Pelotas estão dando apoio, encarregando-se do registro civil dos casamentos. A banda do 4º BPM também dará sua contribuição, integrando a solenidade.     Os casais, moradores em diversos bairros e vilas de Pelotas, já mantinham vida em comum e decidiram regularizar sua situação, durante diálogo com a equipe da SMDHCAS.     Solidariedade levou casal a se desfazer de sua casa     Apesar dos problemas financeiros, Vanderlei e Luciana já tinham realizado o sonho da casa própria. A solidariedade, no entanto, obrigou os dois a se desfazerem do imóvel. A saúde do pai de Luciana, de 55 anos, sem renda fixa, foi abalada por um efizema pulmonar, o que obrigou ambos a venderem a casa e se mudarem para o atual endereço, passando a morar com os pais da noiva e uma menina de 14 anos, filha de uma irmã de Luciana e criada pelos avós. Os seis sobrevivem dos modestos R$ 300 que, em média, Vanderlei e Luciana obtém mensalmente.     Apesar de residirem no mesmo endereço, a venda de sua casa permitiu que Vanderlei construísse no terreno da casa dos sogros, o que veio a permitir relativa privacidade a ambos casais.     Vanderlei fala de sua amizade com o sogro, observando que “sempre me entendi muito bem com ele”. Luciana confirma o bom relacioinamento entre genro e sogro e reconhece que o pai “muitas vezes se entende melhor com ele do que comigo”.     Além do contentamento pela cerimônia de sábado, o casal vê perspectiva de melhoras financeiras com a chegada do verão. Vanderlei trabalhou em uma obra, cujo término gerou “férias coletivas”. Entretanto, agora é apoca em que há demanda de mão-de-obra e ele confia que vai voltar em breve à ativa. Luciana também está confiante. No verão, a procura pelo trabalho de manicure é muito maior”, festeja ela.