A elevação das águas e o vento desfavorável que atingem a região contribuíram para as inundações de parte do balneário Valverde, no Laranjal. Desde a madrugada desta sexta-feira (10), equipes atuam no resgate de animais e de moradores ilhados na localidade. Em decorrência do avanço da Lagoa em direção ao bairro, algumas localidades já apresentam profundidades próximas a 1,50 metro. Moradores que ainda não deixaram suas casas devem sair imediatamente.

Moradores e voluntários utilizam barcos para se locomover nas vias do bairro. Fotos: Michel Corvello

A pesquisadora e hidróloga da UFPel, Tamara Beskow, explica que o fenômeno de invasão das águas da Lagoa está ligado, especialmente, às condições do vento e à contribuição externa das águas do Guaíba. “O vento que atinge a nossa região, na posição Leste, empurra a Lagoa para cima do continente, fazendo com que essas águas, já somadas à contribuição do Guaíba, ultrapassem a avenida e invadam o bairro. Conforme essa água vai chegando nas ruas do balneário, ela se acumula nos pontos mais baixos e provoca a elevação da enchente”, afirma.

Em meio ao cenário que vai se formando na localidade, os efetivos das forças de segurança, do Exército brasileiro e da Defesa Civil auxiliam os moradores na retirada de móveis e intensificam os resgates daqueles que ainda não deixaram suas casas. Aline, que foi até o balneário Valverde para retirar os pertences da casa da sogra, lamenta não ter chegado a tempo de recuperar os itens, por conta da elevação das águas.

Moradores que perderam tudo alertam para necessidade de respeitar as orientações e sair das áreas de risco. Foto: Maria Clara Fernandes

“A gente conseguiu tirar a nossa família e os animais, mas, de resto, nós perdemos tudo. Minha sogra, cunhadas e afilhado moravam aqui. A gente conseguiu tirá-los há três dias, logo que começaram os alertas. Mas, no restante, foi tudo. Dentro da casa, a água já estava na altura da cama. Não percam tempo, gente. Por favor, não esperem. Bens materiais a gente recupera, mas a vida não”, lamentou.

O extravasamento das águas da Lagoa já atinge diferentes ruas do balneário Valverde. A partir do trabalho integrado das equipes de resgate, os efetivos atuam na identificação das residências que ainda possuem moradores. O Município reforça a necessidade de evacuação imediata das populações residentes nos balneários Valverde e Santo Antônio. 

Áreas de risco

Demais localidades que se encontram na área de risco, conforme mapa divulgado pela Prefeitura, também devem procurar pontos seguros, na casa de familiares e amigos, ou em um dos sete abrigos públicos do Município.

Até a última atualização, 600 pessoas, de comunidades possivelmente atingidas pelas águas, já haviam sido acolhidas nos abrigos de Pelotas.