No mês que marca o final do primeiro semestre da atual gestão municipal em Pelotas, o que se destaca não são apenas números, mas o esforço para que eles ganhem vida dentro das salas de aula. A reabilitação de cinco obras junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pode garantir 846 novas vagas na Educação Infantil no município. Resposta concreta a uma demanda antiga das famílias, especialmente, nos bairros Eucalípitos, Dunas, Laranjal, Eldorado e Getúlio Vargas, onde estão previstas as novas escolas, cujas obras estão paralisadas desde 2023.

A reabertura recente das escolas Bernardo de Souza e João Guimarães Rosa, que estavam interditadas, também aponta avanços na Educação Infantil. Com isso, entre os meses de abril e maio, foram retomadas 603 vagas para crianças de zero a cinco anos, com reformas que incluíram melhorias estruturais, revitalização, pintura, garantindo segurança para alunos, professores e famílias.

Junto a isso, o município quer transformar em realidade outro projeto importante que é a escola em tempo integral. Hoje são cinco unidades em projeto-piloto, que exigem não apenas infraestrutura, mas um novo olhar sobre a jornada das crianças e jovens. “A escola do futuro é aquela em que o estudante permanece mais tempo em contato com o conhecimento e com experiências que desenvolvam competências e habilidades para a vida”, destacou a secretária municipal de Educação, professora Nailê Pinto. 

Neste ano, a rede inicia a discussão sobre a reformulação do currículo escolar e o fortalecimento das escolas de tempo integral.  

Mas o caminho para isso exige enfrentar um problema que há anos compromete o dia a dia da rede: a falta de pessoal. Em meio a 94 escolas, a ausência de servidores em licenças legais, como maternidade, saúde e acompanhamento familiar, representa hoje 188 afastamentos temporários que, embora não abram vaga formal, deixam ausências reais nas equipes. 

Para tentar preencher essas lacunas, a Prefeitura tem recorrido a diferentes estratégias: complementação de carga horária, processos seletivos simplificados e aproveitamento de concursos anteriores. 

“Chamamos 524 aprovados e conseguimos efetivar apenas 180. Isso mostra o quanto é difícil repor o quadro de servidores da educação municipal”, relatou a secretária. Faltam serventes e auxiliares para atender às necessidades básicas das escolas. Das 20 contratações solicitadas, apenas oito profissionais foram efetivados. A expectativa é que, com a aprovação da Lei 7.375/2025, a contratação de profissionais possa ser mais ágil em casos de afastamentos temporários, medida considerada essencial para manter o funcionamento pleno das escolas.

Secretária de Educação de Pelotas, Nailê Pinto, analisa o primeiro semestre da pasta. Foto de arquivo: Eduarda Damasceno/Câmara Municipal de Pelotas

Outra importante medida da SME, este ano, foi a adesão ao Exame Nacional Docente, lançado pelo Ministério da Educação. A decisão de utilizar a avaliação federal como etapa do próximo concurso busca reduzir custos e agilizar contratações, mantendo o padrão de qualidade e seleção. “Pelotas tem muitos formandos com vontade de trabalhar. Essa prova nos ajuda a fazer uma seleção com responsabilidade e transparência”, avaliou a secretária. 

Desde o início do ano, a Prefeitura vem mantendo tratativas com o Sindicato dos Municipários de Pelotas (SIMP) para construir, de forma conjunta, uma política de retomada da valorização dos servidores. A expectativa é de que esse trabalho colaborativo reflita diretamente na qualificação do quadro funcional das escolas, fortalecendo o vínculo dos trabalhadores com a rede municipal e garantindo melhores condições para o ensino-aprendizagem em toda a cidade.