A Prefeitura de Pelotas, por meio da Secretaria de Cultura (Secult) e Secretaria de Turismo (Setur), dá apoio institucional à III Semana Africana de Pelotas, RS – O contributo do conhecimento africano para a humanidade, que ocorre de 29 de maio a 1º de junho, uma realização do Grupo Família África Pelotas. O evento terá uma programação ampla, com palestras, mesas-redondas, oficinas e atividades culturais, e contará com a participação de africanos de 15 países da África, que atualmente moram em Pelotas.

A primeira edição da Semana Africana aconteceu em 2018, organizada pelo coletivo formado por acadêmicos de origem africana da UFPel, tanto de países da África quanto de países da América latina e parcerias. Esta edição está sob a organização de 18 estudantes de Cabo Verde, Moçambique, Angola, Nigéria, Senegal e Guiné Bissau. 

A maior parte da programação vai acontecer no câmpus II da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), à rua Almirante Barroso, 1.202 - Centro. da visto que boa parte dos africanos são acadêmicos desta instituição de ensino, e no último dia, 1º de junho – Dia Internacional da África, que cairá em um domingo, haverá um grande evento na Praça Coronel Pedro Osório, a partir das 14h, com show musical, exposições dos 15 países africanos participantes e interações com o público. 

"O continente africano tem impulsionado grandes avanços para a humanidade, mas muitas vezes acabam sendo sucumbidos pelo estereótipos reforçados pela grande mídia. A III Semana Africana de Pelotas é uma oportunidade ímpar para a população pelotense conhecer, discutir e trocar ideias com estudantes e pesquisadores oriundos dos países africanos e explorar melhor as diversidades e conhecimentos produzidos por estes países", diz Célia Miranda, natural de Cabo Verde, coordenadora geral do evento. 

Residente em Pelotas desde 2009, atualmente Célia atua como pedagoga no Núcleo Psicopedagógico de Apoio Discente (Nupadi) da UFPel. Ela destaca que professores e alunos da rede de ensino básico podem enviar seus trabalhos sobre o continente - o material integrará as exposições.

Um dos acadêmicos que está na organização é Ayolsé Santos, nascido e crescido em São Tomé e Príncipe, uma ilha africana localizada perto da linha do Equador. 

"Quando vim para Pelotas realmente não imaginava que tinha tantos estudantes africanos, e cada dia tem chegado mais. Esse grupo de estudantes tem suprido o suporte familiar, tem sido refúgio nos momentos tensos e também uma oportunidade, para mim mesmo, de conhecer um pouco mais dessa imensa diversidade que é o continente africano. Por viver em uma ilha, acabamos por ficar um pouco isolado do continente, então, esse encontro aqui tem me ajudado a conhecer melhor a África. Aqui tenho conhecido pessoas de países africanos que nem imaginava que um dia conheceria. Essa troca tem aumentado meu capital cultural, me reconectando com as raízes africanas também", conta.

Santos veio estudar no Brasil por meio do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G); graduou-se em Ciências Sociais na Universidade de São Carlos (UFSCar/SP), fez mestrado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara e, desde 2023, é acadêmico de doutorado em Ciência Política na UFPel. "Venho de um clima tropical, então minha maior dificuldade aqui em Pelotas é o período de frio, muito difícil. Mas Pelotas tem uma cultura diferente de outras regiões do Brasil e é essa diversidade que vejo como a maior riqueza", pondera o doutorando. 

Em 25 de maio é celebrado o Dia Mundial da África, data que marca a luta contra a colonização europeia. Desde a criação da Organização de Unidade Africana em 1972, atual União Africana, a data representa a busca de vários povos do continente por desenvolvimento, democracia e liberdade.