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Escritor Jeferson Tenório palestra em Pelotas

A vice-prefeita, Daniela Brizolara, participou do evento que reuniu mais de 700 pessoas

Por Alessandra Meirelles – MTb/RS 10052 10-05-2025 | 15:47:17

O escritor Jeferson Tenório, autor de livros como “O avesso da pele” e “De onde eles vêm”, participou da aula magna do Centro de Letras e Comunicação (CLC) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que contou com o apoio da Prefeitura. O evento reuniu mais de 700 pessoas.

Fotos: Émerson Gerard

A vice-prefeita Daniela Brizolara avaliou o evento como muito significativo para a comunidade de Pelotas. 

“Ter a presença de um autor como Jeferson Tenório foi uma experiência enriquecedora para todos. É sempre inspirador ver iniciativas que promovem a cultura e a literatura, especialmente quando envolvem a comunidade acadêmica e local. A palestra dele trouxe reflexões importantes e novas perspectivas para todos os presentes”.

Tenório subiu ao palco cantando o samba “alguém me avisou”, de Dona Ivone Lara. “Foram me chamar, eu estou aqui, o que que há? Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho. Mas eu vim de lá pequenininho. Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho” e, rapidamente, o público que começou a acompanhar na palma da mão, foi convidado a cantar junto. Com o auditório externo do Colégio Pelotense lotado, a melodia tomou conta do espaço. Ao fim da música, o professor explicou que cantar era uma forma de ele se acalmar. 

Os livros de Tenório abordam temas como a pobreza, discriminação racial e desigualdade de classe, colocando pessoas que vivem essas realidades como protagonistas, e não coadjuvantes, e usando como cenário locais que as classes mais privilegiadas, talvez, sequer conheçam, mas que está no cotidianos das pessoas vulneráveis econômica e socialmente, como os negros pobres. Na palestra principal e respondendo ao público, o autor contou que não chegou à escrita literária por querer se tornar escritor, já que suas referências de escritores eram brancos, europeus e todos mortos. Ele começou a se formar leitor, não pelos livros, mas pela oralidade, nos terreiros da umbanda, candomblé e quimbanda. Com a histórias dos orixás e das religiões de matriz africana. Pelos versos dos Racionais MC’s conheceu um mundo que ele pudesse habitar, aprendeu a se orgulhar da sua cor e dos seu cabelo. Chegou aos livros aos 24 anos, e seu sonho, que era ser gerente da lanchonete multinacional em que trabalhava, foi ampliado com as ações afirmativas que o levaram à universidade, em 2004. Em 2010 foi o primeiro cotista negro a se formar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje é professor, pesquisador e multipremiado escritor, com suas obras traduzidas para o inglês e o espanhol.

O evento foi aberto a professores da Rede Municipal, que aproveitaram a oportunidade para se preparar para as discussões em sala de aula. A professora de Educação Física, Juliana Coelho, que trabalha com dança afro, diz que a região sul consome bastante esse tipo de literatura, porque é uma discussão necessária, uma discussão para ser levada para a sala de aula – preconceitos e igualdade. Professora do Colégio Pelotense e das escolas municipais de Ensino Fundamental (Emef) Deogar Soares e Carlos André Laquintinie, ela diz que “como professora me vejo na obrigação de levar essa discussão, pela militância através da educação”, resumiu. Sobre a vinda de escritores a Pelotas, ela diz que “muitos escritores do nível do Jeferson Tenório vêm até Porto Alegre e não descem, é muito centralizado na capital, mas pra nós é muito importante ter acesso a essas oportunidades”.

A professora de Literatura da UFPel, Aline Coelho, disse que achou o evento “fantástico”. 

“Ele falou sobre o papel da leitura, e só um escritor como ele para reunir, de uma forma tão delicada, tanta gente, a população negra, a população que trabalha com literatura. A população negra estava sedenta por essa representatividade. Ele conseguiu reunir tanta gente, e falou sobre o papel da leitura e o papel da universidade na leitura. Foi muito legal perceber que somos uma universidade que está nesse caminho, estamos ajudando na formação de leitor, dando liberdade para esse leitor seguir os seus caminhos, e a instrumentalizar os professores", avaliou a professora que tem a missão de formar novos professores.

Também participaram da atividade, o secretário de Igualdade Racial (SIR), Júlio Domingues, as secretárias de Educação (SME), Nailê Pinto, e de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF), Marta Rosa, e o secretário de Turismo (Setur) Danilo Rodrigues; a professora do CLC, Vanessa Doumid, o professor Gustavo Rückert, o vice-reitor da UFPel, Eraldo Pinheiro, e a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Daiane Molet.

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jeferson tenório, literatura, racismo, parceria, letras, ufpel, clc

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