Prefeitura apoia "Sambinha, um ilustre desconhecido! O memorial das coisas ausentes", financiado pela Pnab, que terá atividades até outubro
Por Joice Lima 22-05-2025 | 12:55:25
A Prefeitura de Pelotas, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), é apoiadora institucional do projeto "Sambinha, um ilustre desconhecido! O memorial das coisas ausentes", que busca resgatar e valorizar a história e a cultura negra em Pelotas, através dos feitos e do olhar do protagonista, e promover a interação dos jovens com a cultura negra e com os patrimônios material e imaterial. Financiado pela Política Nacional Aldir Blanc (Pnab) e Procultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o projeto terá atividades até outubro. A próxima etapa, com o lançamento oficial, acontecerá nos dias 5 e 6 de junho, no Bistrô da Secult, na Casa Dois (à Praça Coronel Pedro Osório, 2).
De iniciativa dos artistas visuais e produtores culturais Maria de Fátima Duarte Santos e Jonas Fernando Santos, filho de Rubens Gilberto Cardoso Santos, popularmente conhecido como “Sambinha”, ao longo dos meses o evento terá palestras, oficinas, rodas de conversa, visitas a quilombos urbanos e rurais, comunidades ribeirinhas e deslocamentos pela cidade.
Às 19h do dia 5, ocorre a abertura oficial com apresentação da programação e no dia 6, uma sexta-feira, haverá uma oficina sobre Memória e Patrimônio, ministrada por Jonas Santos, abordando a história de Sambinha. As oficinas são abertas ao público e ocorrem em dois horários: a primeira das 14h às 15h30min e a segunda das 16h às 17h30min.
O projeto inclui a produção da história em quadrinhos (HQ) "Sambinha, um ilustre desconhecido!”, sobre a vida dele, e o catálogo “O memorial das coisas ausentes”, onde constará o material coletado durante a pesquisa: imagens, fotos e desenhos realizados pelos artistas. Os dois impressos terão distribuição gratuita em bairros periféricos, quilombos, clubes sociais negros, escolas, terreiros, ilês, bibliotecas negras e outras, museus, núcleos de estudo afro-brasileiros de escolas e universidades (neabs), escolas de samba e para agentes culturais multiplicadores e lideranças do movimento social e políticas.
Nascido em 1938, em um quilombo de Piratini, Rubens Gilberto Cardoso Santos era o caçula de uma família de treze irmãos, que se mudou para Pelotas no final dos anos 1940 e precisou enfrentar a discriminação racial e privações. Adulto, mudou-se para a Vila da Coréia e trabalhou na fábrica Gasômetro, locais marginalizados pela sociedade e, apesar disso, acabou por se tornar um ator cultural importantíssimo, responsável pela criação e colaboração em diversas iniciativas socioculturais, entre os anos de 1956 a 1973. Ao longo da vida, trabalhou como catador, operário da construção civil, vigia noturno e mestre-de-obras para sustentar a família (esposa e seis filhos) e auxiliar familiares, mas também esteve presente na gênese de clubes de futebol amadores, como: Bota N’água F. C., Tiradentes F.C. e Santa Cruz F. C.; Sambinha, como Rubens ficou conhecido, ajudou a fundar os cordões de carnaval Escola de Samba Alegria e Samba, Escola de Samba Princesa Isabel, Escola de Samba General Osório e colaborou nos bastidores para a organização de vários clubes sociais negros de Pelotas. Também foi cantor, construtor de instrumentos de percussão e ensaiador. Morreu em 1979, aos 41 anos, vítima de um câncer de garganta em decorrência de trabalhos insalubres como vigia noturno.