Município oferece Reiki e Auriculoterapia como tratamentos alternativos aos usuários. Após a capacitação de mais profissionais para o uso das técnicas, a intenção é ampliar a cobertura
23-04-2019 | 14:18:06
Em um mundo em que o tratamento de patologias é feito, em sua maioria, através de medicamentos e intervenções invasivas, o uso de terapias alternativas pode ser uma boa opção para quem lida com doenças crônicas, como dores em geral, hipertensão, alguns casos de depressão e ansiedade. É aí que entram as Práticas Integrativas Complementares (PICs), que desde o ano passado fazem parte da Rede Bem Cuidar, em Pelotas.
Hoje, das seis Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que integram a Rede, duas oferecem esse tipo de tratamento — outras três serão capacitadas para aplicação das técnicas —, com resultados surpreendentes: a maioria dos usuários que receberam as PICs observaram melhoras no quadro geral de saúde, com redução drástica de dores e benefícios para a saúde mental. As sessões de Reiki e Auriculoterapia – PICs oferecidas no município —, dão alívio a pessoas como a dona de casa Evelise Alves, de 43 anos.
A usuária da UBS Virgílio Costa faz parte do “grupo da sementinha”, como é chamada Auriculoterapia por lá. “O pessoal não entendia muito bem quando falávamos o nome do tratamento, daí combinamos de chamar assim”, conta Evelise, que vai para a quinta semana de tratamento. O apelido faz referência a semente de mostarda utilizada na terapia. Estas são aplicadas em pontos específicos da orelha do paciente, estimulando diferentes partes do corpo.
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Segundo a enfermeira Maria Fernanda Espíndola, responsável pelo programa na UBS, os efeitos do tratamento nos pacientes estão sendo muito positivos, com redução de dores e melhora significativa nos quadros de depressão e ansiedade. A enfermeira recebeu capacitação do Ministério da Saúde para aplicação da técnica e compartilhou com colegas da Unidade, que agora ajudam no trabalho realizado todas as quintas-feiras e envolve o grupo de hipertensos e diabéticos do local.
Na UBS Guabiroba, é o Reiki que alivia as dores de pessoas como a aposentada Nilma Maria de Almeida, de 64 anos. Desde agosto do ano passado, quando o tratamento passou a ser oferecido, ela faz questão de ir a todas as sessões, tendo em vista os grandes resultados que obteve.
“Eu sofria muito com dores na coluna e nos braços. Agora nem preciso mais tomar remédios, fora o carinho que recebo das meninas. Não tem o que pague isso, o Reiki mudou minha vida para melhor.”
A fala dela emociona a agente comunitária de saúde Vanessa Caetano, que trabalha há três anos na Unidade e é uma das responsáveis pela aplicação da técnica nos pacientes. “Fazemos com carinho e dedicação. Acreditamos muito nos resultados do tratamento e ver que as pessoas estão se curando e tendo mais qualidade de vida, nos motiva a seguir trabalhando e ampliando o serviço”, afirma a agente, que também utiliza a cromoterapia e a aromaterapia durante os procedimentos.
A partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), instituída pelo Ministério da Saúde em 2006, a implantação das práticas começou já em 2017 na cidade, com a capacitação dos profissionais.
"O tratamento com PICs é mais uma forma de bem cuidar o usuário, além de proporcionar bem estar físico e mental aos pacientes, reduz o gasto com medicamentos, diminuindo também a procura destes pacientes por consulta médica, aumentando a resolutividade da Atenção Básica e dos outros níveis de assistência”, explica a gerente da Rede Bem Cuidar em Pelotas, Aline Geppert.
Em Pelotas, as Práticas Integrativas Complementares (PICs) são utilizadas como forma complementar na prevenção e tratamento de saúde. O foco é buscar o equilíbrio e tratar o ser humano na sua totalidade – física, mental, psíquica, afetiva e espiritual. Por enquanto, o município oferece duas das 29 PICs regulamentadas pelo Ministério da Saúde. Conheça cada uma delas, conforme definição do Ministério:
Auriculoterapia: terapia que consiste na estimulação com agulhas, sementes de mostarda, objetos metálicos ou magnéticos em pontos específicos da orelha para aliviar dores ou tratar diversos problemas físicos ou psicológicos, como ansiedade, enxaqueca, obesidade ou contraturas. A auriculoterapia chinesa faz parte de um conjunto de técnicas terapêuticas, que tem como base os preceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Reiki: é a canalização da frequência energética por meio do toque ou aproximação das mãos e pelo olhar de um terapeuta habilitado no método, sobre o corpo do sujeito receptor. A terapêutica objetiva fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital – Ki. A prática do Reiki responde perfeitamente aos novos paradigmas de atenção em saúde, que incluem dimensões da consciência, do corpo e das emoções.
Segundo relatório apresentado pelo Ministério da Saúde, a busca por práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 126% no último ano. De acordo com os dados, o número de atendimentos passou de 157 mil em 2017, para 355 mil em 2018. O número de participantes também cresceu, indo de 4,9 milhões em 2017, para 6,67 milhões em 2018, um aumento de 36%. O SUS oferece atualmente 29 práticas integrativas.
A indicação desse tratamento complementar ocorre no âmbito da Atenção Básica, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e também no atendimento especializado, nas unidades hospitalares e centros especializados. Em nota, o Ministério da Saúde informou que, além de ampliar a diversidade da oferta, o número de estabelecimentos que atuam nessa linha também deu um salto de 13%. Passou de 22.164 em 2017 para 25.197 estabelecimentos em 2018.