Por Divulgação 20-05-2010 | 00:00:00
Para a alegria dos amantes das artes teatrais, o Projeto Cena Literária dá início às suas edições 2010 nesta próxima semana. A novidade deste ano deve-se ao fato de que as apresentações passam a acontecer no Bistrô da Secretaria de Cultura do município (Secult), além de outros locais, como é o caso de escolas e espaços públicos.
Segundo a diretora do Theatro Sete de Abril, Annie Fernandes, esta descentralização dos espetáculos do Cena Literária já se constituía em uma demanda antiga de atores, diretores, atrizes, direção do Theatro e da própria comunidade, que normalmente tinha dificuldades no acesso ao Theatro, por questões de distância entre centro-bairro e fatores econômicos que dificultam o deslocamento. “Neste ano, é o teatro que se desloca e vai ao encontro das comunidades”, ressalta ela. Neste sentido a experiência pioneira aconteceu durante a realização, no ano passado, do Encontro de Teatro de Pelotas, onde além do palco do Theatro Sete de Abril, escolas e instituições também abrigaram as apresentações, vislumbrando novos horizontes culturais para produtores e comunidades visitadas.
“Neste processo de descentralização todos saem ganhando, pois a democratização da arte e da cultura se faz ainda mais presente”. Para a diretora, os novos espaços demonstram claramente que a arte e a cultura não estão atreladas ao espaço físico do Theatro Sete de Abril, podendo ser reproduzidos com sucesso em outros espaços, pois talento independe de local, afirma ela.
O Projeto, que tem por objetivo promover o encontro entre teatro e literatura, é idealizado pela Secult/Theatro Sete de Abril e tem reinício nesta próxima semana. A primeira apresentação acontece na quarta-feira, dia 26, tendo por local o Bistrô da Secult. Nesta primeira apresentação, o espaço do Bistrô será ocupado pela arte da Cia Pelotense de Repertório que apresentará o esquete denominado “Esperando o Metrô”. A Cia Pelotense de Repertório é formada por Joice Lima (premiada no Festival de Esquetes de São Leopoldo/RS como Melhor Atriz), Flávio Dornelles, Márcia Monks, Raquel Franz, Maureen Montovani, Lívia Soares, Edson Lopes e Tecy, além da participação de convidados e se constitui em uma comédia criada a partir da tradução para o português e adaptação de Joice Lima do esquete da espanhola Paloma Pedrero. Trata-se de um jovem pedreiro, simples, tranqüilo e uma quarentona bem-sucedida profissionalmente, “certinha” e neurótica que, acidentalmente, ficam presos, tarde da noite, em uma estação de metrô. O que pode ocorrer quando duas pessoas aparentemente tão diferentes se encontram em uma situação inusitada? A apresentação do esquete acontece às 18h30 e tem entrada franca.
No dia 28 (sexta-feira), acontece a primeira edição descentralizada do Projeto, que terá por local as dependências da Escola Estadual Dr. Franklin Olivé Leite, localizada à Rua Ernani Osmar Blaas s/n, na Cohab Lindóia. A apresentação tem início às 10h30 e traz todo o talento e tradição do mais antigo grupo de teatro de Pelotas: o TEP, patrimônio cultural pelotense, apresentando o esquete denominado “A terceira margem do rio”.
O Teatro Escola de Pelotas fez sua estréia no cenário artístico em 1914, á época denominado Grupo Cênico da União Pelotense. A denominação Teatro Escola de Pelotas (TEP) só veio em 1946, inaugurando uma nova fase da existência do grupo. “A terceira margem do rio”, da obra Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, é narrado em primeira pessoa e é o famoso e o mais aberto conto do autor. Desde o título, o espectador já depara com o insólito da obra rosiana: o que vem a ser a terceira margem do rio? A terceira margem é aquilo que não se vê, que não se toca, que não se conhece. Todos esses recursos permitem o acesso ao mundo do “encantatório”, ao mundo do desconhecido, da terceira margem, que só poderia ser recriado por uma linguagem também recriada e nova, capaz de refletir todo o deslumbramento desse universo.