Começa nesta quinta-feira (24) o Encontro Regional Sul de Pessoas Trans, que realiza atividades até domingo a partir de palestras, rodas de conversa, peças teatrais, performances e shows com artistas trans.

      A abertura do evento ocorre às 16h de quinta, no Salão Nobre da Prefeitura, com a presença de autoridades locais, regionais e nacionais. Um destaque da programação é a apresentação teatral “Transtornada eu”, pela Cia TransLúcidas, de Londrina (PR), na sexta-feira, às 20h30min, no Largo Edmar Fetter (Mercado Central). A programação completa está disponível na página do evento, acessível aqui

      Com o slogan “Eu, Trans, quero te mostrar quem sou”, é a primeira vez que o Encontro ocorre em Pelotas.

Foto: Divulgação.

      Representante municipal da Rede Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e integrante do Instituto Trans de Educação (IBTE), a atriz e ativista social Marcia Monks diz que o evento é de suma importância para uma sociedade que ainda exclui e trata a população trans como uma “sub classe”. Ela afirma que a expectativa de vida de travestis e transexuais (TTs) ser hoje em torno dos 30 anos de idade, se deve à exclusão social (gerada pela falta de informação), preconceito e ódio gratuito.

“A grande maioria é expulsa de casa ainda na adolescência, só lhes restam as ruas... Tendo seu acesso negado nas escolas e no trabalho formal, 90% estão na prostituição por falta de opção”, lamenta Marcia. 

      Relações Públicas do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual, da Universidade Federal de Pelotas, onde é acadêmica de licenciatura em Teatro, Marcia destaca que o Brasil é o país que mais mata a população TT no mundo. 

      “Somente neste ano já foram 69 casos de assassinatos (dados ANTRA-IBTE). A grande maioria deles, com requintes de crueldade. Ao mesmo tempo é o país que mais acessa essa população em sites pornô. Ou seja, são desejadas em casa e mortas nas ruas.” 

      O Encontro Regional de Pessoas Trans de Pelotas presta homenagem à ativista pelotense Juliana Martinelli, que morreu no ano passado. 

      Promovido pela Rede Nacional de Pessoas Trans e Travestis Vivendo com HIV/AIDS (RNTTHP) e pela Rede Antra, o evento conta com apoio da Prefeitura de Pelotas por meio da Secretaria de Cultura.

      Sobre o Encontro

      Os Encontros Regionais de Pessoas Trans ocorrem anualmente desde a fundação da Rede Antra, em 1992, na Bahia. A associação nacional se divide em regiões para a realização dos Encontros - cada ano, em um estado da região. A prioridade é reunir lideranças travestis e transexuais, ativistas de outros movimentos sociais e técnicos de governo para que juntos tratem de iniciativas no campo da prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e HIV, bem como políticas para ampliar as discussões, dar maior visibilidade ao movimento TT e reduzir o preconceito em torno dessa população.